19.6.08
Olafur Eliasson
« ... tens sede? sobra da tarde apenas uma fatia de laranja - morde-a na minha boca sem me pedires. Não, não me digas quem és nem ao que vens. Decido eu.
Deita-te aqui - este noite, dentro de mim, está tanto frio. Se fores capaz, cobre-me de beijos: talvez assim eu possa esquecer para sempre quem me matou de amor, ou morrer de uma vez sem me lembrar. Isso abraça-me também: onde os teus dedos tocarem há uma ferida que o tempo não consegue transportar. Mas fecho os olhos, se tu não te importares, e finjo que essa dor é uma mentira.
Claro, o que quiseres está bem- tudo, ou qualquer coisa ou mesmo nada serve, desde que o frio fique no laço das tuas mãos e não regresse ao corpo que agora te deixo sepultar. Não sentes frio, tu, dentro de mim?
Nunca nevou no teu quarto? Que país é o teu? Que idade tens?
Não, prefiro não saber como te chamas...»
Maria do Rosário Pedrosa, in Nenhum Nome Depois
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4 comentários :
Lindíssimo… Maria do Rosário escreve maravilhosamente bem, suas palavras têm melodia… é uma prosa poética. Infelizmente nunca li nada dela, acho que é um caso a pensar.
Bjs
tens q lêr,vais gostar mt,
:)
mt bonito.
aliás td mt bonito, desde ali em cima até aqui em baixo :)
são partilhas da intimidade, são impressões digitais, são a essência do sal,
obrigada
sol
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