11.8.10

No ponto!


É próprio da natureza humana viver em função de alguma coisa superior a si. Deus, Pátria e Família foram valores míticos superiores em nome dos quais se praticaram as maiores barbaridades. O espírito crítico destruiu a ideia de Deus, e tanto as pátrias como as famílias estão hoje em crise.
Os desesperados humanos lançaram-se então à procura de substitutos. A ideolagia,a ciência,o amor,a saúde e várias crendices menores têm sido candidatos efémeros,rapidamente destruídos pela voragem crítica e pela globalização. Perante p cepticismo generalizado, há que procurar algo superior a nós, bem visível e consensual. Os Egípcios encontraram o Sol;os nossos contemporâneos encontraram a Criança. Viver pelas crianças e em nome das crianças. Quem pode contestar? A dedicação às crianças é lógica e instintiva. Sem ela, acabar-se-ia a espécie humana.
As crianças tendem a ocupar hoje o lugar de Deus. Como tal,são sagradas,veneradas,intocáveis. Em seu redor tecem-se direitos,leis,instituições,comissões,normas e regulamentos. São exibidas em espectáculo mediático. A burocracia apertou-se à sua volta. Infelizes crianças!
Mas o pior è que as crianças,na sua candura,são implacáveis. Dêem-lhe uma arma para as mãos e verão o resultado. Elas bem precisavam de ser educadas,mas como fazê-lo se as tornámos divinas?Em nome da Criança,estamos a destruir os cidadãos do futuro.


J.L.Pio Abreu,in,Estranho Quotidiano

2 comentários :

a ana do 2º esquerdo disse...

ja ouvi falar neste filme, mas algo me diz que ele será um murro no estômago.

rv disse...

todos os filmes do Larry Clark são um murro no estômago, mas altamente aconselháveis