26.4.11

A lêr

"Há três coisas que nunca deves fazer na vida, querido Enaiat, por motivo nenhum. A primeira é consumir drogas. Não acredites nelas.
Promete-me que não o farás.
Prometido.

A segunda é usar armas. Ainda que alguém faça mal à tua memória, às tuas recordações ou aos teus afectos. Promete-o.
Prometido.

A terceira é roubar. O que é teu pertence-te; o que não é, não. E jamais intrujarás quem quer que seja, querido Enaiat, está bem? Serás hospitaleiro e tolerante com toda a gente.
Promete-me que assim farás.
Prometido."

Enaiatollah tinha dez anos e prometeu. Não sabia ainda que essas seriam as últimas palavras que escutaria da mãe antes de esta o deixar num campo de refugiados no Paquistão. Porque nasceu no Afeganistão no seio de uma minoria, e porque teve o azar de perder o pai precocemente, foi arrancado de casa aos dez anos. O seu corpo em crescimento já não cabia na cova onde corria a esconder-se sempre que batiam à porta de casa. É com este trágico acto de amor que começa a nova vida de Enaiatollah Akbari, assim como a incrível viagem que o levará até Itália, passando pelo Irão, pela Turquia e pela Grécia, onde descobre que no mar há crocodilos. Uma odisseia que o obrigou a enfrentar a miséria e a nobreza humanas, mas que não conseguiu roubar-lhe o sorriso de criança. Nascer no Afeganistão significa crescer à pressa. Enaiatollah precisou de esquecer a infância para poder sobreviver, mas encontrou finalmente um lugar para viver a idade que realmente tem. Esta é a sua história.

17.4.11

ora, o que ando a perder...

chamou-me Mochinho Galego

Foto: Ricardo Lourenço

... eu acho que eles (mochos galegos) são bem mais bonitos e fôfos do que eu