25.6.08

of the knowledge to love


Charles Ray, bild


«4.
Quando uma relação,por mais próxima que seja, traz consigo o perigo da dependência, é porque alguma coisa do outro desperta em nós mais medo do que confiança. são assim as relações onde algumas pessoas reconhecem que o outro gosta de si... à sua maneira(que representa uma forma de dizerem que a sua maneira não encontra ressonância em quem acolhe os seus gestos de afectividade).

Quando alguém gosta de nós... à sua maneira, reconhecemos(com esse sentimento) que essa forma-egocêntrica- de gostar não precisa dos nossos sentimentos para o alimentar. Quando alguém gosta de nós...à sua maneira,quandoestá longe, queremo-lo perto, mas quando chega... ansiamos que se afaste.

As relações onde as pessoas gostam do outro á sua maneira não significam actos deliberados de maldade mas magoam, muito, porque ocupam o espaço de uma digestão por fazer, que intoxica por dentro, devagarinho, e nos divorcia, sem darmos por isso, do amor à vida.

5.
Talvez por estarem muito intoxicadas de pequenas dores que se enovelam como uma digestão por fazer, haja muitas pessoas que se intoxicam de outras que sirvam de «mata-borrão» para o sofrimento. Umas trabalham mais, outras vivem a «surfar» na vertigem da vida social, e outras, finalmente, intoxicam a toxicidade da dor que as tormenta com substâncias que a iludam e a sosseguem.

6.
A vida pode ser melhor do que o que a tv nos mostra, todos os dias. E é verdade. Não precisa ser a tons de cor-de-rosa, como anseia quem se sente intoxicado por pessoas que gostam de si... à sua maneira. Apostamos na vida quando não desistimos de conhecer cada pessoa que se aproxima, mesmo que, como «gatos escaldados», digamos a quem se chega que , ao entrar em nós... tem de ter cuidado.

Talvez só assim perca a importância o que viremos a ser quando crescermos. Seja o que for que venhamos a ser, o importante não é uma boa estrela que goste de nós... à sua maneira, mas os pontos de luz no nosso crescimento, que se acendem sempre que, alguém, mesmo parecendo desconversar, nos olha e nos diz( com displiscência até): o importante... é estar contigo!»

Eduardo sá, in A vida não se aprende nos livros

2 comentários :

Smile disse...

Olá rv
como sempre colocas aqui excertos (tanto este como o dia 28) magnificos de livros... acho que nas férias irei por a minha leitura em dia :-)
Bjs

rv disse...

obrigada, acho q fazes mt bem :)

bjs